Em Itanhangá, a situação dos assentados tem se tornado cada vez mais desesperadora. Famílias que há mais de 20 anos cultivam a terra começaram a desmanchar suas casas e barracões para desocupar as terras “tomadas” pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Estruturas construídas ao longo de duas décadas estão sendo derrubadas, deixando as famílias sem suas moradias e meios de subsistência.
No meio do caos, surge uma indignação maior entre os moradores. Denúncias feitas ao JK Notícias revelam que integrantes do movimento Sem Terra começaram a ocupar as terras antes do prazo de desocupação terminar. Há relatos de tentativas de ocupação de terras que nem estão na lista de reintegração de posse.
A revolta dos moradores de Itanhangá tem raízes profundas. As terras do município, que atualmente valem milhões, estão sendo retomados. O INCRA está implementando a reintegração de posse de lotes inseridos no Projeto de Assentamento Tapurah/Itanhangá, uma ação que a população considera injusta e arbitrária.
Os assentados, que há mais de 20 anos trabalham na terra, corrigiram o solo e o fizeram produzir até valerem o que valem hoje. Agora, estão sendo obrigados a desocupar suas propriedades. Isso significa deixar para trás uma vida inteira de trabalho e começar do zero. Se o INCRA tivesse concedido os títulos definitivos, essa situação caótica e desesperadora poderia ter sido evitada.
Desde 2022, o INCRA tem ajuizado ações civis públicas para a retomada de parcelas de assentamento, com liminares para a reintegração de posse sendo deferidas pela Justiça Federal de Diamantino-MT. As partes afetadas não tiveram a oportunidade de apresentar defesa ou buscar conciliação, conforme relatou um dos assentados despejados no dia 24 de julho.
“Não fomos ouvidos e não tivemos chance de defesa. Estamos há mais de 20 anos plantando em nossa gleba, temos matrícula com cláusula resolutiva e o INCRA não analisou nosso pedido de baixa. Essa é nossa pena, sair sem direito a nada depois de 20 anos? Sair sem o direito de defesa? É uma injustiça!”, desabafou emocionada uma das moradoras afetadas.
A situação em Itanhangá é tensa e marcada por sentimentos de revolta e desesperança, com os assentados lutando para preservar suas vidas e seus trabalhos enquanto enfrentam uma ação que consideram injusta e desumana.