O novo prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), oficializou nesta sexta-feira (03.01) o estado de calamidade financeira no município. A medida foi anunciada após a constatação de restrições orçamentárias que, segundo o gestor, dificultam atender simultaneamente ao pagamento da folha salarial dos servidores e à manutenção de serviços essenciais, como os de saúde.
“Se a gente pagar as duas folhas salariais dos servidores, ficamos sem dinheiro para a Saúde e outras áreas do município”, afirmou Brunini, destacando o delicado cenário financeiro.
Cortes e readequações
Para mitigar os impactos da crise, a prefeitura de Cuiabá planeja adotar cortes significativos nas despesas, com foco especial em contratos relacionados à tecnologia. Segundo o prefeito, a administração identificou R$ 300 milhões em custos anuais que podem ser reduzidos. “Estamos nos esforçando para evitar atrasos nos salários e a prática de parcelamentos”, disse.
No entanto, os salários dos servidores permanecem atrasados. Tradicionalmente pagos no final do mês, os vencimentos ainda não foram quitados.
Divergências com o ex-prefeito
A medida de Brunini gerou críticas do ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), que usou as redes sociais para rebater a declaração de calamidade. “Entreguei R$ 33 milhões em caixa para priorizar o pagamento dos servidores. Por ser um período atípico, programei o depósito para o 5º dia útil, como prevê a Constituição”, afirmou Pinheiro, que também culpou a falta de repasses estaduais pela crise.
Brunini, por sua vez, atribuiu o cenário financeiro atual à desorganização durante a transição de governo. Em visita ao Contorno Leste, o prefeito destacou que há empresas sem receber pagamentos desde outubro e compromissos financeiros pendentes até fevereiro, o que compromete o planejamento da nova gestão. “Nosso foco é honrar os contratos de quem segue prestando serviços ao município para garantir continuidade”, ressaltou.
Implicações e próximos passos
O decreto de calamidade financeira busca readequar o orçamento municipal e evitar consequências mais graves para a administração pública. Entretanto, a crise financeira deixa evidente a complexidade dos desafios enfrentados pela gestão municipal e a necessidade de ajustes imediatos para equilibrar as contas públicas.