O piloto do balão que caiu em Praia Grande, Santa Catarina, na manhã deste sábado (21/06), pediu para que os passageiros pulassem do cesto no momento em que o balão ficou próximo ao solo, de acordo com o agente da polícia Tiago Lemos.
Ainda de acordo com o agente, algumas pessoas não conseguiram pular, pois as chamas aumentaram. Na sequência, o balão ficou mais leve e subiu. Já no alto, algumas pessoas teriam caído por falta de sustentação.
O balão contava com 21 passageiros, contando o piloto, que sobreviveu. Oito pessoas morreram, quatro devido a queda e quatro carbonizadas.
O incêndio teve início com uma chama no interior do cesto, em um equipamento maçarico auxilia que serve para iniciar a chama do balão principal, segundo relatos do piloto. O fogo começou enquanto o balão estava no ar.
Cinco sobreviventes seguem internados no Hospital Nossa Senhora de Fátima com queimaduras de segundo grau, dores em decorrência do trauma e escoriações pelo corpo.
Os corpos queimados e abraçados foram encontrados no local onde caiu o cesto do balão. O chefe da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, confirmou a cena dos corpos carbonizados, ainda dentro dos destroços do cesto: “Dói na alma a cena de três pessoas morrendo abraçadas”.
Em nota, o Governo de Santa Catarina lamentou o acidente envolvendo o balão e afirmou que está mobilizado para garantir atendimento e assistência às vítimas e familiares.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também expressou solidariedade e colocou o Governo Federal à disposição para auxiliar no resgate e atendimento. O ex-prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, relatou que faria o mesmo passeio, mas não encontrou vagas.
A empresa Sobrevoar, responsável pelo passeio, emitiu uma nota prestando solidariedade pelas vítimas e afirmou que nunca houve registro de acidente antes.
Quem são as vítimas

Mãe e filha morreram no acidente. Leane Elizabeth Herrmann e sua filha, a médica Leise Herrmann Parizotto, eram da cidade de Concórdia (SC). Uma segunda filha de Leane, identificada como Leciane Herrmann Parizotto, também estava no balão, mas sobreviveu.
Médico oftalmologista não sobreviveu à queda do balão. Andrei Gabriel de Melo atuava em Fraiburgo (SC), e a morte gerou comoção na cidade. A prefeitura de Fraiburgo divulgou nota lamentando o ocorrido e manifestou solidariedade para a mãe e Andrei, Andréa Melo, que é servidora do município. A clínica em que o médico trabalhava disse que ele foi “muito mais do que um profissional exemplar”. “Foi um ser humano íntegro, gentil, atencioso e apaixonado pelo que fazia”, publicou o estabelecimento nas redes sociais.
Dois casais também estão entre as vítimas. Juliane Jacinta Sawicki e Fábio Luiz Izycki também morreram no acidente. Juliane era engenheira agrônoma e sócia em uma empresa de consultoria rural. Já Fábio trabalhava em uma agência do Banco do Brasil, na cidade de Barão de Cotegipe (RS). Nas redes sociais, uma familiar publicou um texto se despedindo do casal. “Não dá para acreditar. A alegria de vocês era contagiante. Continuem assim lá no céu. Querida Juliane Jacina Sawicki, eu amo você e amarei para sempre. Fábio Luiz Izycki, nunca vou esquecer você”, escreveu.

Juliane deixou uma frase em sua biografia: “O mundo está nas mãos daqueles que têm a coragem de sonhar e de correr o risco de viver seus SONHOS”.
Juliane e Fábio morreram juntos na tragédia que chocou Santa Catarina.
Eles embarcaram no balão como quem embarca num sonho. Não sabiam que seria o último.
O fogo começou no ar. O piloto gritou para que pulassem. Alguns conseguiram sobreviver. Eles, não.
Nas redes, o silêncio virou lágrimas. Amigos escrevem o que o coração não entende.
E ela sonhou. Amou. Viveu. E partiu ao lado de quem amava.
Everaldo da Rocha e Janaína Moreira Soares da Rocha viviam em Joinville (SC). Nas redes sociais, a paróquia de São João Batista, frequentada pelo casal na cidade, manifestou pesar pela morte. “Lamentamos profundamente a perda do casal, de nossa comunidade”, diz a nota de pesar. O casal estava com dois filhos, que conseguiram se salvar.
Técnico de patinação artística também está entre as vítimas do acidente. Leandro Luzzi era diretor técnico da Federação Catarinense de Patinação Artística, que divulgou nota de pesar pela morte. “Leandro foi um profissional dedicado, apaixonado pelo que fazia e um verdadeiro exemplo para atletas, colegas e toda a comunidade de patinação”, diz a manifestação.

Empresa responsável pelo balão que caiu em Praia Grande (SC) na manhã deste sábado, 21, a Sobrevoar Serviços Turísticos suspendeu por tempo indeterminado suas operações “em respeito às vítimas, seus familiares e à comunidade”. O balão tinha 21 passageiros a bordo. Oito pessoas morreram e outras 13 se jogaram do equipamento, conseguindo se salvar.
A empresa diz cumprir todas as normas estabelecidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e não ter registro anterior de acidentes.
“Infelizmente, mesmo com todas as precauções necessárias e com o esforço do nosso piloto, que possui ampla experiência e adotou todos os procedimentos indicados tentando salvar todos os que estavam à bordo do balão, sofremos com a dor causada por essa tragédia”, afirma a Sobrevoar em nota.
Ainda não há hipóteses sobre a causa do acidente, que é investigada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Estado. A Anac diz verificar a situação da aeronave e da tripulação.
Atualmente, as regras para a prática turística de balonismo exigem apenas uma certificação específica para pilotos – a Licença de Piloto de Balão Livre – e inspeções técnicas periódicas nos equipamentos.
No início de junho, a Secretária de Políticas de Turismo do Ministério do Turismo (MTur), Cristiane Leal Sampaio, criticou a falta de regulamentação específica em um evento realizado no início de junho em Praia Grande, onde ocorreu o acidente. O município catarinense é chamado de “Capadócia Brasileira”, em referência à cidade turca que é conhecida pela prática do balonismo.
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