Um documento encaminhado ao secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo (PL), na quinta-feira (16/07) denunciou o colapso iminente do Hospital Regional de Sorriso por falta de pessoal. De acordo com a diretora do hospital, Ivone Carvalho, se a Secretaria não realizar a contratação ou a convocação de novos profissionais aprovados em concurso público, a unidade entrará em colapso.
A Secretaria de Estado de Saúde enfrenta um déficit de 7 mil servidores. Apesar da falta de pessoal, o Governo do Estado se nega a nomear candidatos aprovados no último concurso público.
O documento também denuncia a morosidade do secretário na análise de processos que solicitam mais pessoal para o serviço na unidade de saúde.
“Embora já tramitem diversos processos administrativos junto à Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso com a solicitação de providências quanto à reposição e ampliação do quadro de pessoal, a realidade da unidade hoje é de colapso assistencial iminente“, diz trecho do documento.
O documento, que também foi subscrito pela equipe técnica do hospital, descreve um cenário de “risco à vida de pacientes” e “sobrecarga extrema” dos funcionários, com 27 leitos já bloqueados e a possibilidade de mais cortes.
Falta de profissionais paralisa serviços
O hospital, referência para 35 municípios da macrorregião norte do estado, enfrenta um déficit histórico de profissionais, especialmente nas áreas de enfermagem e medicina. Setores como UTI neonatal, maternidade, centro cirúrgico e pediatria operam com equipes insuficientes, resultando em:
- Bloqueio de 27 leitos, incluindo 6 de pediatria, 5 de clínica cirúrgica e 15 de clínica médica.
- Risco de fechamento de 3 leitos na UTI neonatal, após recomendação médica devido à falta de enfermeiros especializados.
- Notificações constantes por falhas na segurança dos pacientes, incluindo denúncias ao COREN e ao Núcleo de Segurança do Paciente.
Em um segundo documento, a equipe da UTI neonatal relatou plantões com apenas 2 técnicos de enfermagem, quando o mínimo recomendado é 5. Médicos da empresa Medneo, que atuam no setor, afirmaram que a situação é “inviável” e sugeriram reduzir o número de vagas para evitar erros graves.
Processos ignorados e pedidos de socorro
A direção do hospital listou sete processos administrativos protocolados desde 2023 solicitando contratações, sem respostas efetivas. O procedimento mais recente destaca a incapacidade de manter serviços essenciais, como cirurgias e atendimento a gestantes de alto risco.
O Hospital Regional de Sorriso é a principal referência em traumatologia, gestação de alto risco e emergências para uma região que abrange cinco polos de saúde. Com 143 leitos registrados, apenas 116 estão ativos – e a tendência é piorar.
Outro lado
A reportagem procurou a Secretaria de Estado de Saúde, mas não recebeu nenhuma resposta até o momento. O espaço segue aberto.