A empresária A.C.N, conhecida no setor do agro e da moda, denunciou seu ex-marido, o fazendeiro E.F, por ameaças, calotes financeiros e violência psicológica. A relação entre os dois durou 14 anos, resultando em dois filhos e um patrimônio construído em conjunto.
Três anos após a separação, A.C.N afirma ainda estar sendo vítima de abusos graves que envolvem controle emocional, dependência econômica forçada e medo constante.
A denúncia foi formalizada em 23 de julho de 2025 na Delegacia da Mulher de São Paulo, onde A.C.N atualmente reside. O Boletim de Ocorrência, ao qual o portal teve acesso, relata que E.F. descumpre os termos do acordo de divórcio– incluindo a transferência de bens e pagamentos periódicos – e usa a questão financeira para manter poder sobre a ex-esposa, mesmo após o fim da relação.
“Ele nunca aceitou o fim. Sempre me tratou como se eu ainda pertencesse a ele. Me deixou sem acesso ao que era meu por direito, me fez implorar. Usava o dinheiro como arma para me controlar. Mesmo divorciada, ele me mantinha presa”, desabafa A.C.N.
Além dos calotes referentes aos acordos de separação, A.C.N. também relata ter emprestado um valor significativo a E.F. durante o casamento, que ele se recusa a devolver até hoje. O caso se agravou recentemente quando, ao publicar uma foto profissional em um vestido de noiva – parte de um editorial de moda – o ex-marido passou a cortar completamente qualquer repasse e a fazer ameaças diretas.
“Ele disse: ‘Se você continuar com as cobranças, algo pode te acontecer’. Eu me senti ameaçada. Fiz seguro de vida, comecei a andar só com carro blindado. Ele me conhece, sabe da minha rotina. Tive que deixar Sorriso e recomeçar em São Paulo para ter paz. Mas mesmo assim ele continua tentando me sufocar”, relata.
O histórico de violência não é novo. De acordo com o advogado Edwin Rodrigo Cavallo, que representa A.C.N.,, ela já havia feito uma denúncia de agressão contra Eduardo no Mato Grosso, mas havia desistido na época. Agora, com novas provas e medo real, ela deu entrada em pedido de medida protetiva de urgência com base na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06).
“Ela quer que ele cumpra com as obrigações que assumiu legalmente. Não é favor. São bens, pagamentos e direitos reconhecidos em juízo. O uso da violência emocional, do medo e da chantagem financeira para retaliar uma mulher que busca liberdade é inaceitável”, afirma o advogado.
O Boletim de Ocorrência aponta violência doméstica (psicológica e econômica) e ameaça
(artigo 147 do Código Penal), agravada pelo contexto de gênero, o que pode dobrar a pena,
conforme previsto em lei.
Recomeço com coragem
A.C.N vive hoje em São Paulo, onde prepara o lançamento de sua nova marca ligada à moda sustentável. Segundo pessoas próximas, ela tem evitado falar com a imprensa, mas decidiu tornar o caso público para proteger outras mulheres que passam pelo mesmo.
“Eu me calei por muito tempo. Não quero vingança, quero justiça. Quero viver sem medo, criar meus filhos com liberdade e recuperar o que é meu. Esse tipo de homem precisa parar de achar que pode arruinar a vida de uma mulher só porque ela escolheu seguir em frente.”
Entenda os pontos da denúncia
● O ex-marido descumpre os termos do divórcio: não transfere bens acordados
nem realiza pagamentos devidos.
● A.C.N alega calote em um empréstimo feito durante o casamento.
● Relata ameaças verbais e psicológicas, registradas em Boletim.
● Já houve uma denúncia anterior por agressão física em Mato Grosso.
● O caso agora tramita em São Paulo, onde ela pediu medida protetiva de urgência.
● O ex-marido é fazendeiro e figura conhecida em Sorriso-MT.
Próximos passos legais
A equipe jurídica da empresária trabalha agora para reforçar a ação civil e criminal contra
Eduardo Fuhr, com o objetivo de garantir o cumprimento das obrigações legais, a restituição
de valores e a proteção da integridade física e emocional de A.C.N.
Enquanto isso, ela segue tentando reconstruir sua vida — e fazendo do seu caso um símbolo de resistência silenciosa que agora precisa ecoar.
“Meu maior erro foi confiar que ele fosse agir com dignidade depois do fim. Agora meu maior acerto é não ter mais medo de contar o que vivi.”