Uma cidade às margens da BR-163, na região central de Mato Grosso, com população aproximada de 120 mil habitantes e uma área seis vezes maior que a cidade de São Paulo. Sorriso, município construído majoritariamente por imigrantes das regiões Sul e Nordeste, se tornou a capital brasileira do agronegócio. A cidade busca crescer também em outros setores, como a industrialização.
Segundo dados da Prefeitura, nos cinco primeiros meses do ano, Sorriso movimentou US$ 938.019.126 em exportações, principalmente de commodities agrícolas, como soja e milho. No fim de 2024, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou Sorriso como o município agrícola mais rico do país.
Cidades mais ricas do agro
- Sorriso (Mato Grosso) – R$ 8.313.943
- São Desidério (Bahia) – R$ 7.789.575
- Sapezal (Mato Grosso) – R$ 7.544.333
- Campo Novo do Parecis (Mato Grosso) – R$ 7.157.753
- Rio Verde (Goiás) – R$ 6.923.156
O desafio agora é diversificar. Motivos que levam Sorriso a ir além da produção de commodities em larga escala, seu carro-chefe. Há um forte investimento no fomento à agricultura familiar e na busca por industrialização.
“Nosso agro já se consolidou. Agora, precisamos desenvolver outras cadeias produtivas. O principal é a questão da industrialização. Precisamos agregar valor ao nosso produto para que a gente também arrecade mais”, disse Ari Lafin, prefeito de Sorriso, em entrevista à Dinheiro Rural.
Entretanto, a dependência do agronegócio ainda é forte. Jacob Robson, que vive em Sorriso há 12 anos, contou que, em períodos fora da safra das principais commodities, a cidade encara comércios fechados e redução da atividade econômica. Isso se deve, em grande parte, à sazonalidade da agricultura, com fluxo de altas e baixas de trabalhadores.
“A gente é totalmente dependente do agro. Na nossa região, se o agro não for bem, a gente também não vai bem. Quando o agro dá uma caída, a gente sente no dia a dia. Você vai nas lojas, você vê praticamente parado,” avalia Robson.
Investimento em piscicultura
Ailan Jonas foi produtor de soja e milho no município por anos, mas agora aposta na criação de peixes, com o objetivo de engordar cerca de 700 toneladas por safra, especialmente tambaqui e pintado.
“O estado do Mato Grosso como um todo tem um potencial muito forte na piscicultura, devido ao clima, relevo, quantidade de água. O lençol é muito raso. É um local com uma capacidade de crescimento enorme,” explica.

A produção de peixe em Sorriso é caracterizada por uma combinação de grandes propriedades e pequenos produtores familiares. Estima-se que existam cerca de 120 reservatórios em pequenas propriedades rurais, com apoio da Secretaria Municipal de Agricultura Familiar e Segurança Alimentar (Semasa).
Como Sorriso se tornou a capital do agro?
A colonização da região norte de Mato Grosso começou por volta da década de 1970. Sorriso se tornou oficialmente um município em 1986, deixando de ser distrito do município de Nobres.
O nome surgiu porque a maioria dos imigrantes tinha origem italiana e, no início, só se produzia arroz na região, o que levava à expressão “Só…rizzo” (arroz, em italiano).
No final da década de 1970, a cidade contou com a instalação de um campo experimental de 3,2 hectares, onde eram testadas culturas de arroz, milho, soja, algodão e pastagens.
Sorriso cresceu e se tornou uma das potências globais do agro, sucesso impulsionado pelo uso de tecnologias avançadas, como agricultura de precisão, e por ampla infraestrutura de armazenagem e transporte.
A cidade se consolidou como polo para o desenvolvimento da agricultura irrigada sustentável na região do Médio Norte de Mato Grosso. Atualmente, conta com 523 propriedades e 672 pivôs instalados, cobrindo quase 90 mil hectares, o que representa 52% da área irrigada do estado. Segundo especialistas, essa infraestrutura é fundamental para mitigar riscos climáticos e garantir a estabilidade da produção.

Mas é no escoamento de toda essa produção que se encontra um dos maiores gargalos logísticos da cidade, que busca modernizar e ampliar sua malha ferroviária, além de pavimentar rodovias.
“Um dos nossos desafios é a questão logística. Estamos no meio do país, no centro do estado do Mato Grosso. Existe um forte investimento agora em ferrovias para que sejamos mais competitivos, gerando mais rentabilidade ao produtor,” explica Ari Lafin.
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