Na noite de terça-feira (26/11), um estudante de psicologia, de 29 anos, morador de Ipiranga do Norte, foi preso após descumprir uma medida protetiva solicitada por um colega de faculdade e sua atual namorada.
O caso é complexo e teria iniciado em 2023, quando o suspeito se apaixonou por um colega de sala, um jovem de 20 anos que cursava psicologia na mesma turma em uma faculdade particular de Sorriso. Após um tempo em que o suspeito forçava uma amizade, ele se declarou para a vítima, mas teve sua investida recusada. A vítima alegou ser heterossexual e chegou a pedir desculpas por decepcionar o suspeito.
Após essa situação, a história passou a envolver comportamentos obsessivos e perseguições. O suspeito passou a incomodar a vítima, que acabou bloqueando-o no WhatsApp e nas redes sociais. Para continuar entrando em contato, ele comprou cerca de 10 chips de telefone. Além disso, criou mais de 20 perfis falsos em redes sociais, como Instagram e Facebook, usando e-mails e nomes aleatórios, alguns deles contendo apelidos relacionados à vítima.
Ele também criou diversos grupos no WhatsApp com o objetivo de manter contato com a vítima e com seus amigos. Mesmo bloqueado, o suspeito não cessou as perseguições e, para obter mais informações, criou perfis falsos em sites de namoro e outros aplicativos, utilizando dados reais da vítima.
O suspeito chegou a invadir um aplicativo de entrega de comidas onde a vítima tinha cadastro e começou a fazer pedidos para serem entregues no endereço do jovem, com o objetivo de perturbá-lo. A vítima, temendo pela sua segurança, procurou a Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrência. Contudo, não conseguiu uma medida protetiva de imediato, o que permitiu que o suspeito continuasse frequentando as mesmas aulas e perseguindo-o.
Quando soube que a vítima havia procurado a polícia, o suspeito enviou uma mensagem no grupo da turma da faculdade mostrando seu braço queimado em cima de uma tatuagem que ele afirmava ter feito em homenagem à vítima. Ele ameaçou se matar em frente à casa do colega.
Em 2024, a vítima começou um relacionamento, e o suspeito passou a direcionar suas obsessões também para a namorada do jovem, que se tornou outra vítima. Ele continuou criando perfis falsos, enviando mensagens ameaçadoras e buscando informações pessoais sobre ela. O suspeito usou suas redes sociais para ameaçá-la, sempre tentando interferir no relacionamento e obter mais dados.
Em um episódio, o suspeito conseguiu um emprego na mesma empresa onde a namorada da vítima trabalhava, aparentemente para intimidá-la e obter mais informações sobre ela e o namorado. No mesmo dia, após ela relatar ao setor de Recursos Humanos o comportamento do suspeito, ele pediu demissão. No entanto, as mensagens ameaçadoras continuaram.
Há cerca de um mês, o suspeito enviou um vídeo no grupo da turma em que aparecia com os braços cortados e ensanguentado e tomando vários remédios, sugerindo uma tentativa de suicídio. No vídeo, ele estava no banheiro da faculdade, mas, ao ser procurado por secretários e pelo coordenador do curso, foi encontrado escondido em um beco atrás dos aparelhos de ar-condicionado. O SAMU foi acionado, e ele foi socorrido. Na mensagem de “despedida” ele culpava as vítimas, e dizia que não iria fazer falta caso morresse.
Após a descoberta da medida protetiva solicitada pelas vítimas, a mãe do suspeito tentou minimizar a gravidade da situação. Em uma mensagem enviada a uma das vítimas, ela afirmou que seu filho “não oferecia perigo” e sugeriu que a situação poderia ser resolvida diretamente com ela, pois o filho “a escutava”. Ao saber da prisão, a mãe teria reagido com ignorância e irritação.